A verdade é que nenhum de nós
jamais soube dizer um dia se era mesmo amor, aliás, não estou certo de que já
sentimos isso alguma vez, por um alguém qualquer.
Não sei quanto a você, mas “te
amar” sempre foi como mergulhar em uma piscina vazia rezando para que a chuva caísse,
foi como estar vendado numa sala escura, esvaziando o pente de uma PKP Pecheneg
e torcendo pra não acertar ninguém.
Mas lembra de todos aqueles
momentos que passamos juntos? É claro que você lembra. Pois é, tentei
recriá-los. E sabe? Eles foram feitos para dois, no caso, nós dois. E não é que
eu queira reviver nenhum passado, muito menos cutucar uma ferida que ainda
esteja cicatrizando, mas eu quero muito ver você, muito.
Pensei que aquelas doses que
tomei no bar em que nos conhecemos serviriam pra me fazer te esquecer, ledo
engano. Você está lá todas as vezes, nunca pessoalmente, mas ainda assim
consigo te sentir, talvez mais do que se estivesse olhando no fundo dos seus
olhos. Além de não te esquecer, elas me ajudam a criar coragem pra vir atrás de
você e contar tudo que se passa aqui dentro.
Agora anda e abre a porta como
você fazia. Não quero buzinar e acordar seus vizinhos, e está muito frio pra
ficar parado na frente da sua porta, torcendo pra que você abra, nem que for
pra fechar logo em seguida.
Me deixa entrar, a gente senta
pra conversar madrugada a fora e eu mesmo preparo o café se você quiser. Eu
espero que você tenha notado que eu continuo “te amando”, e agora prometo que estou
disposto a te amar, sem medo nenhum. Eu nunca fui o cara certo pra você, mas
estou longe de ser o errado.