domingo, 17 de fevereiro de 2013

Do amor, ou da falta dele

Nunca escrevi sobre mim e deixei claro que era eu falando. Nesse vou contar uma história que aconteceu há uns meses atrás.

O momento era ótimo, as coisas iam muito bem, obrigado. Mas ainda assim, o que deveria me fazer dormir tranquilo, tirava ao menos quinze minutos do meu sono. Algumas dúvidas por tudo ser novo, estar dando certo e durando mais do que todas as outras vezes juntas. Algumas inseguranças por coisas que aconteceram e outras que aconteciam.

Fui pedir ajuda como sempre faço, dessa vez pra alguém que me inspirava muita confiança sem nem ao menos me conhecer há muito tempo. Um cara que sabe das coisas, que passa credibilidade e inspira confiança quando fala. Te conforta mesmo sem falar o que você quer ouvir.

Eu ainda me aventurando nessa coisa de escrever, ele experiente também nisso. Pediu pra que eu lesse um texto. Foi um daqueles textos que doem mas te fazem sorrir porque mostram a verdade, que te batem mas logo em seguida te fazem um cafuné. Que sussurram assim no teu ouvido antes do gongo tocar: “não vacila na guarda que é lona”.

Do amor

“Não existe investimento seguro. Amar é ser vulnerável. Ame qualquer coisa e seu coração irá certamente ser espremido e possivelmente partido. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto, não deve dá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Evite todos os envolvimentos, feche-o com segurança no esquife ou no caixão do seu egoísmo. Mas nesse esquife seguro, sombrio, imóvel, sufocante ele irá mudar: não será quebrado, mas vai se tornar inquebrável, impenetrável, irredimível. O único lugar fora do Céu onde você pode se manter perfeitamente seguro contra todos os perigos e perturbações do amor é o Inferno”.

C. S. Lewis

Terminei de ler e ele foi logo me perguntando: “E aí, vai querer viver onde? No céu ou no inferno?” Titubeei porque o momento não ia me deixar agir diferente. Quis mesmo ver onde eu conseguia chegar e o provoquei dizendo que queria viver no umbral, ele logo retrucou e disse que o umbral e o inferno dariam no mesmo. Hesitei, mas disse que viveria no céu.

Acho que fiz a escolha certa. Dói quando as coisas que davam certo começam a dar errado, dói ainda mais quando os dois esquecem que antes de dar errado deu certo, e eles insistem em falar do errado, mesmo que tenha vindo bem depois. Dói enquanto o tratamento tiver que ser anormal pra não doer mais. Doer dói, mas estar apaixonado é se sujeitar mesmo a sentir dores.

Sair sem guarda-chuva sem medo de se molhar, pular sem medo de cair e se ralar, andar sem medo de tropeçar, sair de casa sem medo de se apaixonar. Ou talvez seja melhor esquecer o guarda-chuva torcendo pra chover, andar por terrenos diferentes imaginando que tropeçar vai te fazer aprender, sair de casa querendo mesmo se apaixonar.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O tempo não parou pra mim, nem pra você

Eu sei que vai ser difícil te fazer acreditar em mim depois de tudo, principalmente porque dividi as dores com você quando tudo estava acontecendo. Acabei te vendo no meio do tiroteio, as balas vinham de todas as direções, e além de ter de se esquivar delas, você cuidava dos seus próprios ferimentos e ainda arrumava tempo pros meus.

Sei que você não me entende, não te culpo. Não mesmo, às vezes nem eu me entendo, sendo assim, nem posso te pedir pra me entender. Posso tentar te fazer me entender, podemos até tentar isso juntos.

Acho mesmo que fiquei mal acostumado. Você sempre presente, meio misteriosa, escondida nas suas dúvidas e anseios, mas nunca deixou de me ouvir. Nunca escondeu que algumas coisas que eu dizia te incomodavam, mas sempre me ouviu. Confesso que franzia a testa junto com as dúvidas que você trazia, junto com o policiamento que tinha de fazer pra não te magoar sem querer. Te entendia, te respeitava, mas de um jeito ou de outro, aquilo servia mais pra eu reclamar do que qualquer outra coisa.

Hoje sei menos ainda das coisas, sei menos ainda de você e das suas vontades, sei menos ainda da sua vida, do seu cheiro, da sua risada gostosa, por onde você anda e se está bem. Acho que no fim das contas eu me importo e me preocupo bem mais do que deveria e queria, e eu me sinto bem estranho tendo que admitir isso agora, mais ainda sabendo que você vai ler essas coisas todas.

Faz um tempo que não sei pra onde estou indo, nem se tenho mesmo um motivo pra ir, ou até mesmo se preciso. Faz um tempo que não sei o que quero da vida, que não sei o que as outras pessoas querem, e quando sei, não sei dizer se também quero o mesmo, nem se devia querer.

Não estou dizendo que está bom como está – talvez esteja. Talvez até tenha se tornado costume pensar em você e em como você fez bem cuidando de mim. Talvez eu nem saiba mesmo de nada como acho que não sei, e essa deve ser a alternativa mais correta.

Só estou pensando em você mais do que é saudável, você me faz um bem maior do que devia. Esses dias longes de você demoram mais a passar e eu me enfio em alguns becos tentando achar saídas, mas o resultado nunca vem. Você continua aí, fazendo o que eu não sei. Por vezes parece receptiva, outras nem tanto. Sei que são reflexos das suas dúvidas, as minhas também brigam com as minhas coragens, te entendo.

Talvez eu esteja exagerando quando digo que gosto de você, mas talvez não. E é exatamente esse o meu medo.