segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Nem sempre precisa fazer sentido, basta acontecer

A campainha tocou e por algum motivo eu fui o único que escutou. Levantei pra ir até o portão com um frio na barriga e me preparando pra que talvez ainda não fosse a hora. Fiquei na ponta dos pés como sempre fico, pra tentar enxergar do outro lado da rua e assim, quem estiver na porta.

Uma mecha do seu cabelo foi o suficiente pra fazer o frio na barriga aumentar, o suor começar a escorrer e o nervosismo ficar mais intenso. Voltei pra pegar a chave e os batimentos cardíacos aumentavam à medida que eu dava os passos, cada um deles me dizendo que o tempo se aproximava, como se fosse mesmo uma contagem regressiva.

Coloquei a chave na fechadura, respirei fundo e virei. O tempo parecia não querer correr enquanto o portão se abria, parecia que ninguém queria me deixar te ver logo. Mas deixaram.

Não lembro se consegui respirar direito, se fiz cara de bobo ou o quê. Não pensei, não consegui falar. Minha boca travada não deixaria uma palavra passar, meus olhos se fixaram nos teus, meu corpo de abraçou e meus braços te envolveram. O tempo parou e nada mais importava naquele momento, eu tinha tudo que precisava na minha frente durante aqueles segundos que insistiram em passar depressa.

Ela estava ali. Uma das pessoas que se fez muito importante nos últimos tempos, a dona do melhor abraço do mundo, a razão dos meus sorrisos dos últimos dias, o motivo de muitos dos meus pensamentos e a responsável pelo turbilhão de coisas que mexiam comigo naquele instante. Ela estava ali, sentada, sorrindo, tímida, um pouco sem jeito. Linda, linda, linda.

Eu? Nervoso, me mantendo concentrado em outros assuntos, tentando manter a racionalidade em primeiro lugar pra não deixar as emoções tomarem conta de tudo, talvez até evitando a situação toda por não saber como lidar. Covarde, ingrato, seco, confuso, medroso, equilibrado. Me chame como quiser, me ajude a encontrar uma palavra pra definir isso tudo.

Agora ela está indo, pela mesma porta que entrou. Só que dessa vez eu não posso te abraçar. Me odeio e te peço desculpas por tudo isso ao mesmo tempo.

Eu vou ficar aqui por mais algum tempo. Talvez arrependido de algumas coisas, satisfeito com outras, pensando em todas as outras, mas, acima de tudo, muito feliz. Feliz porque nada foi como planejamos, e sei que se tivesse dado tudo certo não seria tão bom como está sendo.

domingo, 21 de outubro de 2012

Talvez não devesse dizer

Achei que depois daquela outra, eu nunca mais me sentiria assim, a gente nunca acha. Parece que se não deu certo uma vez, nunca mais vai dar.  E sabe? Talvez eu não quisesse mesmo. Talvez fosse bom dar um tempo, cuidar de mim, das coisas ao meu redor, tirar a poeira de tudo, chacoalhar o corpo e colocar a cabeça no lugar. Talvez fosse, mas a gente nunca escolhe esse tipo de coisa, nunca somos consultados por ninguém, e quando vamos ver, já não tem mais volta.

Por mais que você diga que sou difícil de decifrar, sei que já deixei tudo nas entrelinhas. Na minha voz quando falo com você, no meu sorriso bobo quando a resposta some, no meu olhar pensativo quando olho uma foto sua, na minha inquietação quando estou longe de você.

Longe e ao mesmo tempo tão perto, sempre me surpreendendo, atenciosa, instável, tímida, carinhosa, tão você. De um jeito que só você sabe ser, de um jeito que só você faz eu me sentir.

Talvez todo esse receio em me permitir fosse medo. Culpa dessa mania de sempre esperar o pior das pessoas, só pra me defender, desse jeito covarde só meu, desse pessimismo de achar que sempre vai dar errado e que nunca vou conseguir fazer alguém feliz o bastante. Logo eu, que sempre disse que viver com medo de ser feliz não é viver, logo eu, que sempre fui crítico de amigos que nunca se permitiam. Logo eu, me peguei pensando em você.

Sabe? Está sendo ótimo, nunca me senti tão vivo, tão disposto, tão preparado pra enfrentar tudo, tão esperançoso, tão eu. Não sei que nome dar para isso, apenas sei que é bom e que quero me sentir assim pro resto da minha vida se for possível. Desculpa ser direto assim, mas talvez esse seja meu desejo por saber que preciso de você pra isso.

Se me perguntassem há alguns dias atrás, eu bateria o pé no chão pra dizer que não, negaria com todas as minhas forças como já fiz, mudaria de assunto só pra não pensar nisso e não aumentar minhas dúvidas. Não iria me permitir, não por você. Mas sou fraco, e se quer saber:  ser fraco foi uma das melhores coisas que fiz na vida.