Uma mecha do seu cabelo foi o
suficiente pra fazer o frio na barriga aumentar, o suor começar a escorrer e o
nervosismo ficar mais intenso. Voltei pra pegar a chave e os batimentos
cardíacos aumentavam à medida que eu dava os passos, cada um deles me dizendo
que o tempo se aproximava, como se fosse mesmo uma contagem regressiva.
Coloquei a chave na fechadura,
respirei fundo e virei. O tempo parecia não querer correr enquanto o portão se
abria, parecia que ninguém queria me deixar te ver logo. Mas deixaram.
Não lembro se consegui
respirar direito, se fiz cara de bobo ou o quê. Não pensei, não consegui falar.
Minha boca travada não deixaria uma palavra passar, meus olhos se fixaram nos
teus, meu corpo de abraçou e meus braços te envolveram. O tempo parou e nada
mais importava naquele momento, eu tinha tudo que precisava na minha frente durante
aqueles segundos que insistiram em passar depressa.
Ela estava ali. Uma das
pessoas que se fez muito importante nos últimos tempos, a dona do melhor abraço
do mundo, a razão dos meus sorrisos dos últimos dias, o motivo de muitos dos
meus pensamentos e a responsável pelo turbilhão de coisas que mexiam comigo
naquele instante. Ela estava ali, sentada, sorrindo, tímida, um pouco sem
jeito. Linda, linda, linda.
Eu? Nervoso, me mantendo
concentrado em outros assuntos, tentando manter a racionalidade em primeiro
lugar pra não deixar as emoções tomarem conta de tudo, talvez até evitando a
situação toda por não saber como lidar. Covarde, ingrato, seco, confuso,
medroso, equilibrado. Me chame como quiser, me ajude a encontrar uma palavra
pra definir isso tudo.
Agora ela está indo, pela
mesma porta que entrou. Só que dessa vez eu não posso te abraçar. Me odeio e te
peço desculpas por tudo isso ao mesmo tempo.
Eu vou ficar aqui por mais
algum tempo. Talvez arrependido de algumas coisas, satisfeito com outras,
pensando em todas as outras, mas, acima de tudo, muito feliz. Feliz porque nada
foi como planejamos, e sei que se tivesse dado tudo certo não seria tão bom
como está sendo.