[Você pode ler este texto ouvindo Banda Tópaz - Se for pra tudo dar errado]
Uma vez, durante o choro da
minha primeira desilusão amorosa, me disseram “aproveita até mesmo essas
lágrimas. O tempo passa, você fica mais velho e até se apaixonar fica mais
difícil”. Dei de ouvidos. Como era possível algo como se apaixonar ficar
difícil? Não era.
Algumas vezes depois de
entrarem pela porta da frente, bagunçarem tudo e saírem sem avisar ou deixar um
bilhete, tive que construir um muro em volta, mas houve quem se atrevesse a
pular. Algumas com destreza na hora de entrar, mas deixando um buraco chamado
carência quando iam embora.
Por conta do buraco, qualquer
uma que passava em frente podia entrar. Eu nem me preocupava em dizer “não
repara a bagunça”. Eles nem encostavam em nada. Nem arrumavam, nem bagunçavam
mais ainda, então fui deixando como estava.
Mas um dia você acorda farto de
bagunça, farto de viajantes entrando pelo buraco no muro, farto do “tanto faz”
e do vazio que as breves aparições deixavam quando iam. E aí, meu amigo, é hora
de fazer algo.
Por ironia ou por acaso, bondade
ou maldade do destino, eis que ela surge. Cabelos longos e claros, de riso
fácil, e que, intencionalmente ou não, tem o poder de me ajudar a reconstruir
tudo aqui dentro.
Se, por ventura, decidir entrar,
espero que fique. E se assim decidir, prometo que, mesmo com todo meu anseio
por organizar as coisas, deixarei que se ajeitem por si. Sem programar nada,
sem planos fracassados e frustrações, sem expectativas depositadas, sem
responsabilidades que não são tuas ou minhas.
Continuaremos assim como vem
sendo, te descobrindo um pouco mais a cada dia.
E por mais que tenha soado
egoísta, falo assim pois, somente posso falar por mim. Um dia, quem sabe, isso
muda.