- Oi, te acordei né?
- Uhum.
Me derreto com essa sua voz de
sono e esse dengo matinal, você não sabe o quanto.
-To indo aí então, beijo.
- Beijo.
Desliguei o telefone, levantei
do banco e fui. Ouvindo a mesma playlist que ouço todas as vezes que vou, pelas
mesmas ruas – até porque eu me perderia se fosse arriscar outro caminho.
Cheguei.
Minha mensagens não estão
chegando e lembro que você me pediu pra não tocar a campainha porque sempre faz
muito barulho.
- To aqui.
- Já?
- Sim.
- Ok, to indo.
Parecia que era a primeira vez
eu eu entrava por aquela porta, primeira vez que te via com aquela cara de quem
acordou só por mim, parecia amor à primeira vista.
- Vem, to com sono ainda.
Fui. Você já com vários
cobertores. Eu sentando na beira da cama e tirando o tênis. Um beijo na sua
testa pra dizer bom dia, você aconchegando a cabeça no meu peito e segurando
meus braços, ai ai.
- Tá frio lá fora?
- Ah, tá sol, mas na sombra o
vento que bate é gelado.
Minha mão passeando pelas suas
costas e fazendo carinho, meus dedos alisando seu rosto e depois fazendo cafuné.
O sol das dez da manhã entrando pela janela, ficando menos intenso na cortina e
deixando seu cabelo ainda mais dourado.
Meus olhos fechando sozinhos
quando sua mão passava pelo meu rosto, meu sorriso disfarçado e de lado cada
vez que sua mão percorria meus braços.
Ali, longe de todo o mal e
protegido de todas as coisas ruins do mundo, porque é assim que eu me sinto perto de você.
Você dormiu e eu logo em seguida.
- Amor?
- Oi amor.
- Tenho que ir.
Tenho, mas nunca quis.