quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Sozinho

Certo dia perguntaram se eu não tinha medo de andar sozinho, principalmente porque chego tarde em casa, já é escuro e não passo pelas mais amigáveis ruas. Respondi que não. E de fato não tenho medo de andar sozinho, até prefiro. Não que eu prefira ser sozinho, mas prefiro proteger as pessoas de riscos desnecessários.

E vejamos, andar sozinho por aí não é de todo mal. Claro que existem situações que nada valem se não tivermos alguém ou alguéns para compartilhar, mas a maioria delas é melhor se for boa, e raramente coisa boas acontecem numa volta pra casa durante a escura madrugada de São Paulo.

Depois dessa resposta, a outra pergunta que veio na sequência foi: “e por que você não anda armado? Por precaução mesmo, vai que... a gente nunca acha que vá acontecer, mas uma hora, por descuido ou azar, acontece”.

E talvez a pessoa estivesse certa. Que mal poderia haver? Sozinho, quase indefeso e desarmado contra algo que, se viesse ao meu encontro, viria devidamente preparado. Lei da sobrevivência: ou eu ou ele. E numa madrugada calada que é ótima confidente, tudo que acontecesse ali seria nosso segredo. Não tinha nada a perder e tinha tudo a perder ao mesmo tempo.

 “Não vou andar armado, deixe que venha. Pode levar tudo, até o coração, mas por favor, não me machuque”.