[Você pode ler este texto ouvindo Radical Face - We're on our way]
E no fundo a gente sabia que
ia ser assim né? Quer dizer, começamos cientes de que o prazo de validade era
curto e não havia nada no mundo que fosse capaz de mudar isso. Não por nós, mas
sei lá. Destempos. Pessoas certas, tempo errado.
Em três horas, na cidade de
São Paulo, tem gente que não consegue sair da periferia e chegar ao centro. Mas
também tem gente que consegue percorrer a cidade inteira de helicóptero, por
exemplo. E é mais ou menos assim, tem gente que gosta rápido, tem gente
que nem tanto.
Você sabia muito antes de mim
que lá na frente o caminho seria dividido em dois e cada um ia pra um lado.
Sabia, não sabia? Eu só não entendo porque você não avisou e permitiu que tudo
isso continuasse.
Aí chega você provocando uma
sensação parecida com algo que eu não sentia há anos e achei que nunca mais
iria sentir. Fui rendido. Não tinha como reagir
O que pra você foi só uma
cerveja, pra mim foi uma “Tá chovendo e mesmo assim ela quis sair. Já tá meio
tarde e perigoso, mas ela nem liga. Ou é desligada ou se sente segura comigo
por perto”. Esse é o mal de tentar ler a entrelinhas. A gente sempre sabe que
não existe só um jeito de encarar as coisas, mas vai botar isso em cabeça
teimosa...
Vida que segue. Destempos. Quem
sabe eu não venda meu helicóptero ou você pegue uma carona. Vida que segue,
talvez juntos.
Sofrer nunca foi meu medo. Meu
medo era nunca mais amar.
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