Asfalto cor de
âmbar por causa da luz dos postes, úmido por culpa da chuva de meia hora atrás.
Noite nublada, sozinha, sem uma alma na rua. A lua não se mostra por causa das
nuvens, mas a gente sabe que está lá velando pelos que estão sob ela.
O dia foi longo,
tudo que quer fazer é chegar em casa pra poder tirar o tênis, as meias, encostar
a sola morna do pé no chão frio e se sentir vivo de novo. No fone alguma música
que deveria provocá-lo, mas que só serve de fundo porque os pensamentos voam
aleatórios.
É quarta-feira,
ainda ou já? A semana não foi generosa e ele quer a sexta logo. Ingênuo. Como se
algo fosse melhorar só por ser sexta. Covarde. Só queria fugir dos problemas
por dois dias. Perdeu o brilho, a gana, a vontade. Só vaga, nem anda, nem
corre. Pelo menos não fica parado.
Já viveu dias
piores, muito piores, é verdade, e ninguém o tinha visto assim. Parece que até
a desgraça o motivava, mas agora... nada. Não sorri e também não chora. Existe,
não vive. Não faz falta e não faz diferença. Não esboça reação, nem parece que
está nesse mundo.
Tinha mil planos.
Pra si, pro mundo e pra quem o quisesse acompanhar. De repente tudo sumiu e ele
se deixou vencer. Pobre homem. Sem luz.
Outros até tentaram
ajudar. “Pegue meu sonho”, eles diziam. “Queria ser engenheiro”, “E eu médico”,
“Astronauta”, “Bombeiro”. Em vão. Sonhar por ele todos iam, mas ninguém os
realizaria. Isso compete a ele e somente e ele.
Enquanto não quer nada, fica onde está. Simples assim.
Enquanto não quer nada, fica onde está. Simples assim.
Esse texto poderia
ser sobre todas as coisas, mas foi só um jeito de te pedir pra que não pare
nunca. Não precisa remar sempre. Tudo bem velejar um pouco, principalmente
quando o braço cansa ou quando o mar está agitado, na direção contrária.
Algumas vezes não vale a fadiga naquele momento.
Mas faça algo. Se
movimente, saia do lugar, nem que seja um passo pra trás pra poder dar dois adiante.
“Se quer saber o
sentido da vida: pra frente”.
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